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sábado, 24 de maio de 2014

RAIVA

A raiva em si mesma não é uma emoção ruim. O que realmente importa é como agimos em relação a ela. Quando não sabemos a maneira certa de expressá- la, podemos deixá- la sufocada, estagnada, fazendo com que ela se transforme em ressentimento e amargura. Por outro lado, ela pode vir a tona na forma de uma explosão emocional que nos machucará e também quem estiver por perto. Precisamos assumir nossa raiva e expressá- la adequadamente. 

Uma correta expressão da ira inclui o autocontrole. 

Gosto muito de um provérbio que diz: " Como cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não tem domíno próprio." 

"Contar até dez", é um conselho antigo que ainda se mostra sensato e, às vezes, a melhor resposta é o silêncio. No entanto preste atenção: isso terá de ser uma opção e não uma imposição! Quem não expressa abertamente a sua ira porque crê que a circunstância não é propícia está agindo corretamente. Mas quem não a expressa simplesmente porque não se permite fazê- lo, ou porque não sabe- quem nunca a expressa- está entrando em um terreno perigoso. Reprimir as expressões de raiva é um comportamento que se revela prejudicial quando se torna crônico ( não conseguimos agir de outra maneira) ou anacrônico ( agimos desse modo na hora errada). Nesse caso, impedir que a raiva se exteriorize pode constituir- se na causa de diversos problemas psicológicos, como a depressão e a ansiedade, e até mesmo males físicos.


domingo, 5 de janeiro de 2014

Síndrome do Pânico: Medo do Medo

O medo é um tema que atravessa o cotidiano e marca de forma cada vez mais palpável a vida coletiva e individual, o que leva à modificação de comportamentos sociais e hábitos mentais. Neste cenário de medos, stress e pressão constante, tem sido grande o número de pessoas que batem à nossa porta com a tão famosa Síndrome do Pânico.

Não importa qual a classe social, pessoas que sofrem desta síndrome vão aos consultórios e clínicas, frequentemente com a sensação de que estavam prestes a morrer ou de ter um ataque cardíaco e saem de lá sem que, muitas vezes, alguém seja capaz de lhes esclarecer qual a verdadeira origem de seus males. Geralmente, estas pessoas passam por uma série de consultas e exames, vão ao cardiologista, neurologista ou outro especialista, culminando muitas vezes na emergência dos hospitais.

Muitos pacientes percorrem muitos tratamentos antes de chegar a psicoterapia.

Percebe-se que  a busca caminhos equivocados na tentativa de superação do quadro, levam muitas vezes a  um mau diagnóstico pode levar essas pessoas a conviver com enormes desconfortos,que acabam se estendendo à toda a sua família.

Pânico é definido  como um quadro clínico em que ocorrem os chamados ataques de pânico inesperados e recorrentes, que aparecem subitamente sem nenhuma causa aparente. O indivíduo sente uma súbita sensação de intensa apreensão, medo ou terror, comumente associada a sentimentos de desastre e/ou fim iminente. O ataque de pânico está associado a uma grande variedade de sensações físicas perturbadoras.

Normalmente os indivíduos com  Pânico apresentam também sentimentos de ansiedade e apreensão quanto à sua saúde, levando-os a prever resultados catastróficos a partir de sintomas leves ou efeitos colaterais de medicamentos.

A síndrome do Pânico pode ou não ser acompanhada de agorafobia - o temor de se encontrar sozinho em lugares públicos sem uma saída rápida de fácil acesso, caso surja um ataque de pânico. Assim, configura-se como o medo de ter medo.

A crise de pânico se dá a partir do entrelaçamento de pensamentos e sentimentos. À medida que a pessoa tem a primeira crise e aprende que pode ter uma vivência tão sofrida, ela começa a ter medo de ter as crises. Ela passa a ter medo de ter medo, surge uma espécie de reação em cadeia.

A capacidade de pensar termina sendo usada, pelo indivíduo para tirar sua própria segurança, ao invés de possibilitar a busca de suporte.
A pessoa por estar com medo, vai criando um filme de terror na própria cabeça, imaginando os possíveis
desdobramentos do que está sentindo. As fantasias mais comuns são de morte ou loucura eminentes.


Uma das maiores consequências do pânico é a modificação da rotina de vida que, em alguns momentos o indivíduo em sofrimento precisa fazer em detrimento de sua atividade profissional ou vida pessoal, o que possibilita o aparecimento de transtornos familiares.

As pessoas que apresentam Síndrome do Pânico em sua maioria são jovens. O início mais comum da manifestação é no final da adolescência e por volta dos 25 a 30 anos. 

As pessoas que apresentam alguns aspectos em comum em suas personalidades.

O primeiro estilo é composto por pessoas que normalmente tentam ser "super homem " ou " mulher maravilha". São pessoas que não têm limites.São exigentes e perfeccionistas. 
Sempre tentam dar conta de tudo. Normalmente são a referência e suporte  familiar. Sempre que surge um problema elas são as pessoas a serem acionadas. Essas pessoas não sabem dizer não, tendem a se voltar demasiadamente para outro e com isso perdem a referência dos próprios limites. É como se elas diminuíssem muito a capacidade de escutar suas próprias necessidades em prol de ampliar a possibilidade de perceber as necessidades  externas.

O segundo estilo de personalidade é complementar ao primeiro. São aquelas pessoas que tendem a desenvolver vínculos de dependência. Buscam suporte no outro, se sentem incapazes de andar com as próprias pernas. Essas pessoas também perdem a noção de seus  próprios limites, porém neste caso de forma praticamente intencional. Preferem abrir mão da direção de suas próprias vidas. A responsabilidade das escolhas é vivida  como algo pesado demais. Em função disso, elas preferem abrir mão de escolher, optando por convidar ao outro para que assuma as responsabilidades de suas decisões.

A doença é como uma válvula de escape, uma tentativa do organismo se adaptar a estas dificuldades internas e externas.

Um aspecto importante a ser colocado é a singularidade de cada pessoa que apresenta este quadro clínico chamado por Síndrome do Pânico.

Para que haja melhora dos sintomas é necessário olhar para tudo o que envolve a vida desta pessoa, o passado, o presente,expectativas futuras,  seu contexto familiar, social, econômico, religioso.

Cada pessoa observa um mesmo evento de formas diferente, por lentes distintas, por isso é tão importante compreender o significado de qualquer "transtorno" de forma singular.

O que importa para no contexto da psicoterapia  é a pessoa, o ser que está doente, em sua forma de ser no mundo, na sua experiência singular ao vivenciar determinados sintomas e não o sintoma em si.

Cada pessoa  possui, no seu dia-a-dia, muitas demandas sociais, familiares, profissionais, entre outras. A forma como organiza e estabelece a sua interação com o mundo está diretamente  ligada ao seu bem-estar.

E você tem estado atento às suas necessidades emocionais e físicas?!

Letícia Menescal
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